The Invisible Reverse of Public Space

Este trabalho final da Licenciatura em Design — Comunicação propõe uma reflexão crítica sobre o modo como habitamos o espaço urbano, partindo do pensamento de Henri Lefebvre e de outros autores fundamentais, como Heidegger, Foucault, Marc Augé e Zygmunt Bauman. Através do conceito de “habitar” — entendido não apenas como ocupar fisicamente um lugar, mas como uma apropriação simbólica, social e política do espaço —, o projeto interroga a cidade contemporânea como palco de tensões entre o indivíduo e o poder, entre a liberdade e o controlo. Num contexto marcado por desigualdades, fragmentação e mercantilização, o espaço urbano é apresentado tanto como produto de forças hegemónicas como potencial lugar de resistência, conflito e imaginação coletiva.

Ao longo do trabalho, explora-se a ideia de que habitar é um ato de criação, de relação ativa com o espaço, e não um simples estado de permanência. Retomando a crítica de Lefebvre à produção capitalista da cidade, problematiza-se a crescente privatização do espaço público e a transformação da cidade em cenário disciplinar. No entanto, também se destaca a capacidade subversiva do espaço urbano, a possibilidade de construir alternativas que desafiem as normas impostas. A cidade, neste contexto, é simultaneamente território de opressão e de reinvenção: lugar onde se pode defender o direito a habitar com dignidade, criar laços sociais e imaginar novas formas de coexistência.