BioFiligranas — Joias Medicamente Prescritas

— de Olga Noronha

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP)

BioFiligranas® – Joias Medicamente Prescritas é o título da exposição da designer e investigadora da esad—idea, Olga Noronha, com curadoria de Bernardo Pinto Almeida, patente no átrio do CIM - Centro de Investigação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) até 30 de Junho. 

Realizada no âmbito das Comemorações do Bicentenário da FMUP, esta exposição constitui a primeira parte, Corpo Interno, do projeto expositivo Metamorfoses do Corpo. A exposição procura enaltecer, não apenas a função social que a medicina desempenha transversalmente, quer na investigação, quer no tratamento e prevenção das doenças nas sociedades contemporâneas, como também celebrar a relação profunda que, desde sempre, existiu entre a medicina e a arte, ligadas por representações e formas de pensar como o corpo funciona.

Na exposição BioFiligranas – Joias Medicamente Prescritas, a artista e designer Olga Noronha (Porto, 1990) cruza a tradição da arte da filigrana com as possibilidades atuais da ciência e, em particular, da medicina. A artista parte de placas de fixação óssea em material biocompatível, utilizadas em procedimentos cirúrgicos, para tratar e curar o corpo humano interno e transforma-as em estranhas, inesperadas joias. O seu trabalho consiste, pois, na transformação dessas placas antes pensadas no quadro da osteossíntese, “com base em geometrias” e “motivos inspirados na filigrana tradicional portuguesa”, personalizando-as enquanto “objetos íntimos”. Como a própria refere, “a proposta é a reconfiguração dos dispositivos utilizados pré-cirurgicamente, de modo que, “após a consolidação das fraturas”, estes objetos possam ser extraídos do corpo interno e reutilizados como “joias de carácter pessoal e emotivo”, sob a forma de brincos, pulseiras ou colares.

Para Olga Noronha, a componente estética proposta neste projeto acrescenta uma nova função terapêutica às placas de fixação óssea, “enriquecendo” o processo de cura.

Este projeto de investigação conta com a colaboração da esad—idea, na construção de uma equipa multidisciplinar de investigadores que cruzam a arte e o design com a medicina e a engenharia. 

[Texto adaptado do texto curatorial de Bernardo Pinto Almeida.]

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